Thursday, September 14, 2006

Leitura


Obras para leitura orientada.Posted by Picasa

Para sabermos se no CRE há um determinado livro que nos interesse requisitar, podemos clicar aqui e escrever na casa respectiva o nome do autor que pretendemos (primeiro o apelido, depois o primeiro nome: ex. Dionísio, Mário). Logo nos sairá a lista das obras desse autor existentes na biblioteca (e entre as obras dessa lista pode estar a que nos interessa). Podemos procurar pelo título (escrevendo então na casa respectiva: ex. O Mandarim). Podemos aliás logo à partida conjugar autor e título, mas talvez não compense em muitos casos, já que assim as probabilidades de teclarmos mal alguma palavra são maiores.

Vamos pôr nesta secção os textos escritos por alunos do 9.º ano sobre livros que os marcaram especialmente. Os textos foram escritos a pensar em concurso da revista Os Meus Livros. Começaremos pelos textos de Diogo (9.º 2.ª), Brigitta (9.º 1.ª), Mariana (9.º 5.ª), Diogo (9.º 1.ª), Gonçalo (9.º 5.ª), Paula (9.º 1.ª), Luís (9.º 5.ª), premiados nos primeiro, segundo, terceiro, quinto, sexto, sétimo e oitavo números (Janeiro, Fevereiro, Março, Maio, Junho, Julho, Agosto) de 2007 daquela revista. Seguem-se, portanto, os textos sobre A Lua de Joana, de Maria Teresa Maia Gonzalez, livro tratado por Diogo; acerca de O Mistério do Quadro desaparecido, de Blue Balliett, de que se ocupou Brigitta; a propósito de O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado, sobre que escreveu Mariana; acerca de O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry, de que se ocupou Diogo; sobre A Metamorfose, de Kafka, livro escolhido, e recenseado, por Gonçalo; e as obras lembradas por Paula (Boa Noite) e Luís (A noite do boneco vivo). Vêm depois umas dezenas de textos que não venceram o concurso mas são igualmente bons.
A Lua no Papel
[sobre: Maria Teresa Maia Gonzalez, A Lua de Joana; por Diogo (9.º 2.ª)]Este livro, de Maria Teresa Maia Gonzalez, é um livro fantástico, isto porque é um livro para quem gosta de ler, é um livro para quem não costuma ler, mas que tem curiosidade na sua mensagem (porque parece que toda a gente já o leu), é um livro para pais que tentam afastar os seus filhos dos maus caminhos, é um livro para filhos que acham que não podem cair em maus caminhos. É uma história infelizmente muito real e que pode acontecer a qualquer um, tratando o que nos dias de hoje é, sem dúvida, um problema do dia-a-dia, na família, no grupo de amigos, no local de trabalho, em qualquer sítio. Há que ler o livro, passar o testemunho e estar atento a tudo o que nos rodeia para não entrarmos no mundo da droga.
A história fala de Joana, uma rapariga que, ao ver a sua amiga morta por uma overdose, decide começar a escrever cartas à amiga que morreu, para que desta forma a mantenha viva na sua memória, e para também tentar perceber o que levou a amiga a seguir aquele caminho.
No entanto, Joana também segue este caminho, e o leitor pode ter a noção do caminho que ela vai percorrendo, do pouco ela passa a mais um pouco e, num caminho lento mas fatal, também Joana se deixa levar por todos os problemas que a envolvem: uma mãe e um pai que não têm tempo para os filhos e um irmão com quem não se pode contar, que está sempre a embirrar com ela, a dor de perder uma amiga, a solidão...
Temos realmente vontade de gritar, de dar a mão a Joana, ao ver como ela se está a afundar cada vez mais, e não se apercebe disso, de como ela criticou a amiga mas agora está a fazer o mesmo.
No fundo, temos de imaginar o que fazer quando, de repente, tudo parece perder o sentido, quando não temos ninguém que nos ajude e que nos puxe do fundo deste poço que parece que cada vez mais mata vidas de jovens que ainda não tiverem a oportunidade de viver a vida como deve ser.
É uma grande lição para os pais, que devem estar mais atentos para a vida dos seus filhos, que se lembrem que o tempo existe para ser gasto com quem mais amamos, para dar atenção àqueles que mais queremos.
Para mim, o livro tem uma frase que diz tudo, e que decerto deixa qualquer um a pensar: ‘Desapertou a correia do relógio e pousou-o devagar sobre a mesinha. Agora, tinha todo o tempo do mundo. Para quê?” No fim do livro, percebemos que as cartas que o constituem estavam a ser lidas pelo pai da Joana. O pai está arrependido e sente remorsos por não ter dado atenção à filha. Ainda bem que o meu pai não é nada assim.
A escritora Maria Teresa Maia Gonzalez escreveu esta dedicatória no livro que ofereceu à minha mãe: “Para a minha Amiga M.ª José (que também tem Sempre tempo)”. E é uma grande verdade!
Quadro Mágico
[sobre: Blue Balliett, O Mistério do Quadro Desaparecido; por Brigitta (9.º 1.ª)]Quando entro no meu quarto e olho para as estantes de livros, o primeiro para que olho é O Mistério do quadro desaparecido.
Calder e Petra são dois alunos do 6.º ano da Escola da Universidade de Chicago. A sua amizade surge devido à grande admiração de ambos pela sua professora, a Sra. Hussey, que dá as aulas de uma maneira fora do comum. Num dia, a meio de uma discussão sobre a melhor maneira de comunicar, os dois amigos vêem-se envolvidos numa misteriosa busca pelo quadro roubado de Vermeer.
É o resumo de um livro que, apesar de ser muito estranho, adorei. É sobre mistério e códigos, e só no final é que se percebe tudo. Nunca li um livro igual. E único... «O Código DaVinci contado aos mais novos» é o que dizem Quanto a mim, é simplesmente “O Mistério do quadro desaparecido”! Não consigo comparar com nenhum outro livro.
Ofereceram-me o livro num Natal e, logo que pus as mãos nele, abri-o e comecei a ler umas quantas páginas. Prendi-me completamente ao livro.
A história circula à volta do pentaminó, uma ferramenta matemática constituída por doze peças, cada uma feita de cinco quadrados e com nomes de letras do alfabeto. A maneira como o livro “utiliza” estes pentaminós leva-me a pensar que nada acontece por acaso. Mudou muito a minha maneira de ver as coisas e consigo sempre encontrar uma razão de as coisas acontecerem. Foi uma das coisas que achei diferente neste livro.
Uma coisa curiosa que acontece é que o narrador, não participante, começa por contar os sentimentos de uma personagem, mas depois passa para outra, a seguir volta à primeira e depois à segunda e assim sucessivamente. É muito interessante, pois dá-nos a oportunidade de saber como cada personagem reage a um determinado acontecimento.
Depois de ler o livro, decidi ir além do que é lá escrito. Comecei por ir ao site que aparece no início e descobri uma coisa bem interessante: as ilustrações do livro transmitem-nos uma mensagem, que está em código. Outra coisa que fiz foi pesquisar sobre Vermeer cujo nome completo é Johannes Vermeer, que foi um pintor holandês do século XVII. Também procurei obter informação sobre pentaminós e até construí um. Estava sempre agarrada ao meu pentaminó, até que perdi o ‘N’. Fiquei muito aborrecida!
Já perdi a conta das vezes que li o livro, mas parece sempre que é a primeira vez. Parece que é a primeira vez que vejo aquelas palavras escritas, aquelas ilustrações, aquela história.
É um livro mágico que mudou a minha maneira de pensar, tendo sido o que mais me marcou.
Animais apaixonados

[sobre: Jorge Amado, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá; por Mariana (9.º 5.ª)]
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá — Uma História de Amor versa sobre uma relação entre um gato, cujo nome é Gato Malhado, e uma andorinha, chamada Sinhá. A história é contada pela personagem Manhã, que a ouviu do Venta e a contou ao Tempo, com o objectivo de receber uma rosa azul. Ao longo do livro, surgem várias secções intercaladas com os capítulos, denominadas “parêntesis”, nas quais são descritas as personagens e relatados episódios passadas nas suas vidas.
Este texto metafórico, no qual actuam personagens personificadas, levou-me a reflectir sobre a vida dos seres irracionais, a assumir os seus papéis peculiares no mundo e, subsequentemente, a valorizar a sua presença e significado.
Confirmei que a inveja é um sentimento que não compensa, devemos viver a amizade e o amor sem orgulho ou preconceitos. Por um lado, acho que devemos viver a vida sem grandes preocupações, por outro, julgo que o orgulho, sem ser em demasia, é também importante pois darmos valor a nós próprios ajuda-nas a bem viver.
O Gato Malhado é uma personagem feia, egoísta, presumida, preguiçosa e orgulhosa; já a Andorinha Sinhá, é gentil, bonita, inocente e alegre, apaixonando-se por ela todas as criaturas com quem se cruza. Os animais e as plantas receavam o gato, porque este não dirigia a palavra a ninguém, era arrogante, nunca sorria e os seus olhos pardos eram maus e assustadores. Até que um dia, a andorinha, inocentemente, enfrentou-o, discutindo o facto de o gato se achar bonito. Não é que se importasse por comentarem a sua maldade e fealdade, pois todos os dias exibia a sua despreocupação, mas a andorinha fizera-a pensar. Estas duas personagens são essencialmente antitéticas e irão, contudo, estabelecer entre elas uma relação de proximidade. Creio que podemas adaptar tal situação à vida real, pois há demasiados preconceitos no mundo que nos rodeia e as relações humanas são afectadas por eles.
Na fim do livro, a Andorinha Sinhá casa-se com o Rouxinol, ficando o Gato Malhado só e triste par causa da sua arrogância, chegando mesmo a uma situação de querer, pela primeira vez, ter uma agradável conversa com alguém. Porém, por ser demasiado orgulhoso, fica a ver ao longe o casamento, afinal, do único ser que realmente não teve receio de falar com ele.
Opinião de leitora: desgastada da “boa vida”, depois das férias de Verão, para passar o tempo, entretendo-me tardes a fio, descobri esta narrativa numa das estantes do meu quarto. Avaliando-a à primeira vista, pareceu-me pequena e simples, por isso, decidi arriscar-me a lê-la. O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá — Uma História de Amor é um dos tais livros que vale a pena aconselhar, pois não só trata, indirectamente, de factos passados no nossa dia-a-dia, como nos mostra que o amor não olha às diferenças e que se deve amar sem medo e sem nunca desprezar os outros pois, se não se souber aceitá-los e amá-los na sua diversidade, um dia acabaremos por ficar sozinhas e isoladas na sociedade. Assim, vão aparecendo os guetos, grupos fechados que invadem com cada vez maior frequência os espaços escolares e a sociedade, em geral. Este modo de vida afasta os outros e alimenta rivalidades e egoísmos que em nada contribuem para um ambiente de solidariedade entre as pessoas, entre os povos, no Mundo.
De autor brasileiro e escrito especialmente para o seu filho quando crescesse, este livro prende a atenção desde o início e, pela sua poesia, encanta corações.
Um verdadeiro Príncipe
[sobre: Antoine de Saint-Exupéry, O Principezinho; por Diogo (9.º 1.ª)]
Quando soube que tinha de escrever sobre um livro que tivesse marcado, não pude deixar de pensar imediatamente num título: O Principezinho.
Descobri-o pela primeira vez aos seis anos. Antes de dormir, a minha mãe sentava-se na beira da minha cama e lia-me umas linhas da viagem daquele menino de cabelo amarelo que se ria muito, amava uma rosa, queria uma ovelha e não gostava de embondeiros. Houve noites em que cheguei a olhar para o céu e tentei imaginar onde ficava aquele planeta muito pequenino onde morava o principezinho. Houve alturas em que quase cheguei a vê-lo, de manhã, depois de se lavar e arranjar, a cuidar da sua flor, a vigiar a ovelha para que não estragasse a flor, a arrancar os pés dos embondeiros, a limpar os vulcões.
Relemo-lo juntos mais algumas vezes e, antes de fazer este trabalho, não pude deixar de o fazer novamente. Fui aprendendo o significado da mensagem do rei, do vaidoso, do bêbado, do homem de negócios, do acendedor de candeeiros, do geógrafo, da serpente, da raposa. Devemos fazer sempre as nossas tarefas, não as acumulando pois depois é mais dificil realizá-las. Devemos ser justos, responsáveis, e não exigir das pessoas aquilo que lhes é impossível dar. Não devemos ser vaidosos nem orgulhosos nem arrogantes nem fazer nada de que nos possamos arrepender. Devemos obedecer, ser responsáveis mas também devemos questionar e tentar perceber. Devemos prestar atenção às coisas duradoiras, grandes, importantes, mas também devemos importância às pequeninas coisas, aos pequenos gestos, aos breves momentos, pois elas podem parecer insignificantes para nós mas fazerem a diferença para certa pessoa. Uma coisa pode ser aparentemente igual a tantas outras mas, para nós, é especial pois encerra a magia do momento em que a recebemos ou o carinho de quem nos ofereceu ou as recordações que ela nos relembra ou a afeição que lhe dedicamos. Podemo-nos sentir sozinhos no meio de uma multidão e sentirmo-nos acompanhados quando estamos sozinhos, tudo depende se estamos tristes ou felizes. Podemos perder quem gostamos mas essa pessoa continua sempre connosco, pois viverá no nosso pensamento, nas nossas recordações, nas pequenas coisas que partilhávamos.
Com este livro a minha mãe foi-me ensinando o caminho que devia seguir. Com este livro a minha mãe foi-me ajudando a crescer e a descobrir que "o importante é invisível para os olhos ...". Um livro que irei ler muito mais vezes e que um dia, também eu, irei ler aos meus filhos. E com eles espreitar para dentro da caixa e ver se a ovelha está a dormir.
A transformação do abandono
[sobre: Franz Kafka, A Metamorfose; por Gonçalo (9.º 5.ª)]
Não há ninguém que nunca tenha ouvido falar em A Metamorfose, de Franz Kafka. Por alguma razão isto acontece: é um livro que trata um assunto bstante original, de maneira a deixar o leitor a reflectir sobre os caracteristicas do ser humano, assim como sobre as suas atitudes para com os outros, por vezes bastante cruéis, que nos passariam completamente despercebidas se não houvesse escritores como Kafka para delas nos alertar. Acordar e ver-se aprisionado num corpo de barata já é suficientemente mau, mas tudo piora se se for desprezado pelos próprios pais. Apenas por se ser diferente e não ter utilidade alguma.
Pensando um pouco enquanto se lê o livro, chega-se à conclusão de que o comportamento dos pais de Gregor, a personagem principal tornada barata, não é, embora extremamente cruel, de todo excêntrica. Se ninguém se comportasse desta maneira, não haveria o enorme número de idosos abandonados em lares de terceira idade, ou até mesma em hospitais. Morrem sozinhos, sem qualquer companhia amiga, completamente moribundos a nível psicológico.
Pode-se mesmo substituir o corpo de barata por um envelhecimento inesperado. Em vez de ser barata, Gregor seria velho. Seria, à mesmo, inútil e desagradável, fechado no seu quarto, pobres refeições, quando chega a haver refeições, escondido por ser uma vergonha para a família, maltratado fisicamente.
Não importava que em tempos tivesse sido um grande ponto de apoio para toda a família, ninguém se interessava por ele. Gradualmente, tudo o que tinha era levado para longe de si, começando pelo mobília toda do seu quarto, até deixar de ter qualquer tipo de consideração por parte dos outros.
Perto do meio do livro, ao ver o seu filho intrometer-se na sala de estar, mesmo que fosse só para ouvir a irmã a tocar violino, o pai de Gregor, num acesso de fúria, arremessa-lhe uma maçã que apanha da mesa a seu lado, que lhe acerta nos costas e lá fica cravada. Sem que nenhum dos membros da família se dê ao trabalho de a retirar e cuidar da ferida, a maçã não volta a sair das costas de Gregor até à sua morte, no fim do livro. À medida que se vai decompondo, até estar putrefacta, infecta lentamente a ferida que causou, contribuindo para piorar o já decadente estado de Gregor. Ninguém se importa.
Sendo um livro de poucas páginas e linguagem acessível, aconselho que se dedique um pouco de tempo a A Metamorfose, que é sem dúvida uma história bastante enriquecedora a nível de compreensão das atitudes do “mentalmente evoluído” ser humano.
Madeleine Brunelet, Boa Noite
[por Paula (9.º 1.ª)]
Quando se pede a alguém para falar de um livro que nos tenha marcado, a tendência é para se falar de um livro lido na adolescência ou até um que tenha sido lido recentemente. O meu caso é diferente. Vou falar de um livro infantil.Tinha mais ou menos 5 anos e foi uma oferta de uma colega de trabalho da minha mãe. Ainda o tenho. O título é “Boa Noite”. São muitos os livros infantis com este título, mas este é diferente.
É um livro pequeno, de tamanho, e tem muito poucas folhas. Tem uma capa rija em azul, por dentro tem palavras e desenhos. Não conta uma história com princípio, meio e fim. São frases, com imagens pelo meio, para as crianças aprenderem o nome de alguns objectos ou coisas, por exemplo: “Na casa de banho, espremo a (imagem de uma pasta de dentes) fico branco como um (imagem de um palhaço). A (imagem de uma lua), que olha pela (imagem de uma janela), ri; o pai também.” Todas as noites, sempre que ia para a cama, a minha mãe unha de me ler uma pequena história, mas também tinha de ler este livro. Foram tantas as vezes que elo o leu, que eu logo o decorei. Quando se apercebeu disso, a minha mãe costumava trocar as frases para ver se eu estava atenta à leitura e eu dizia sempre que estava mal e ela tinha de começar do princípio. Tornou-se uma brincadeira. Tenho a certeza de que ela também gostava de o ler. Sempre tive muitos livros. Essa, sempre foi uma preocupação da minha mãe, mas eu não gosto muito de ler. De todas as histórias infantis que eu ouvi, não há dúvida de que este livro foi o que mais me marcou. Não é uma história, mas é o mais bonito. Acho que é uma boa maneira de as crianças aprenderem. Como são coloridas as imagens, é mais fácil estar atento ao nome delas e assim aprender como se chamam.Ainda hoje o tenho, como já disse. Mesmo não gostando de ler, sempre guardo todos os meus livros infantis e não só. Quando mudei de casa, preparei uma caixa para os trazer para a nova casa. Quando os desencaixotei, perdi muito tempo a voltar a vê-los. Lá estava o meu pequeno livro das brincadeiras com a minha mãe. Voltei a pedir-lhe que brincássemos como antigamente e ficámos muito tempo a ler e a fingir que eu não sabia o nome das coisas que os imagens representavam.Não sei muito bem como este livro me marcou, mas tenho a certeza que, mesmo que eu venha a gostar de ler, este será sempre um livro que não vou esquecer. Quando tiver a minha casa, vou pô-lo na estante onde terei outros livros de maior interesse, e mostrarei aos meus filhos o livro de que eu tanto gostei e gostarei.
R. L. Stine, A noite do boneco vivo, III, Abril/Controljornal
[por Luís (9.º 5.ª)]
O livro sobre o qual vou falar chama-se «A noite do boneco vivo III», da colecção Arrepios. Decidi escrever sobre este livro não apenas por ser dos poucos que ti mas também por ser um livro de que gostei bastante. Eu li este livro tinha eu por volta dos meus nove, dez anos e apreciava muito a série dos “Arrepios” que dava na televisão. Então, sem ler as edições anteriores da série, vi este livo e decidi comprá-lo. Percebi o livro, visto que já tinha assistido aos episódios anteriores na televisão.Os livros e as séries de “Arrepios”, escritos por R. L. Stine, são praticamente todos do mesmo género, com histórias bizarras, umas um pouco imaginativas e outras nem tanto. Penso que muitas das histórias escritas por Stine são fruto de um medo que o escritor tenha adquirido ou então devem-se a uma imaginação muito fértil.O livro que li fala sobre fantoches, uma família com um menino e uma menina e o pai, que costumava ser ventríloquo e possuía uma grande colecção de fantoches no sótão, a que chamava “Museu do Fantoche”. Cada fantoche tem o seu nome, a sua característica. A partir de uma certa altura, os fantoches parecem acordar e atormentar a vida aos miúdos. Nunca cheguei a perceber bem se o que se passava no livro, os fantoches ganharem vida, era imaginação das crianças devido a qualquer trauma que elas tivessem tido em pequenas ou apenas resultava da exagerada posse de fantoches em casa. As crianças tinham recebido a visita de um primo nas férias e, durante essas férias, passaram-se coisas bizarras com fantoches. Talvez devido à minha idade e falta de consciência o livro traumatizou-me um bocado mas também me despertou grande admiração por fantoches, apesar de apenas lhes achar piada já que a cada fantoche talvez possa ser dada uma história à escolha de cada um de nós.Para mim, os fantoches não são apenas bonecos, para mim os fantoches são como se fosse um filho que não é um ser vivo como se fosse um diário, mas, em vez de escrevermos o que se passa, temos alguém a quem contar as coisas da nossa vida e assim, alguém em quem podemos confiar e que certamente não obre a boca para nos trair, alguém a quem possamos contar um segredo. Talvez esteja a delirar um bocado com isto mas os fantoches têm tanta coisa para revelar que não se consegue descrever tudo: um fantoche pode ser tanta coisa e, ao mesmo tempo, pode não ser nada.Decidi falar mais sobre fantoches porque é o tema que o livro trata mas os outros temas dos vários livros “Arrepios” têm histórias não muito normais e das quais nós podemos tirar bastantes ensinamentos.

Marie de Hennezel, Diálogo com a Morte: os que vão morrer ensinam-nos a viver, trad. José Carlos González, Lisboa, Notícias, 1997[por Pedro Mayo (9.º 6.ª)]
Por vezes, consigo entrar no mundo da minha irmã. É difícil, mas, no entanto, com sorte, lá consigo penetrar à socapa no quarto dela.
Numa dessas minhas infiltrações no seu quarto, bisbilhotei a sua grande estante à procura de um livro que me interessasse. Ao procurar um livro que me interessasse já tinha na mira este pequeno trabalho de férias que nos pedia que lêssemos algum livro e posteriormente o “analisássemos”.
Confesso que com tanto livro interessante me dispersei. A escolha foi difícil mas, depois de alguns minutos, finalmente lá me decidi. A minha escolha foi um livro de Marie de Hennezel cujo título é “ Diálogo com a Morte”. À primeira vista foi o seu título que me suscitou maior interesse. É um título que me cativou bastante pois a morte é um tema que sempre me apaixonou. Talvez por ser neste mundo e na minha vida a única certeza que tenho. A de morrer. É uma certeza que nem me assusta nem me mete medo. É uma certeza que me atrai. Talvez também por ser algo inexplicável.
Li este livro à noite, na cama, até altas horas da madrugada, como sempre que estou de férias faço. Nesta mesma noite o acabei.
O livro trata de uma psicóloga (a narradora) que trabalha e é voluntária num pequeno centro de cuidados paliativos que acolhe doentes em fase terminal. A narradora, ao longo deste livro, vai relatando as últimas horas, dias, semanas, meses ou anos de alguns dos seus pacientes que, suponho, a terão marcado e, como ela própria nos diz, terão ensinado a viver. Ao longo destes muitos relatos vai-nos dando pequenas reflexões suas, onde nos revela, entre muitas outras coisas, a sensação de intimidade que sente em partilhar os últimos momentos da vida dos seus pacientes até ao fim. Apercebemo-nos de que para muitos dos pacientes de Marie, a morte é uma libertação e que, para muitos outros é uma condenação.
É um livro de escrita simples e de fácil leitura, no entanto, é esta sua simplicidade que nos faz pensar. Não é, talvez, uma obra de elevada qualidade literária, mas sim, um grande desabafo de alguém que com o partilhar das suas “histórias”, se completa. Parece-me.
A morte antigamente era encarada mais naturalmente. Vivia-se junto dela. Hoje, nos nossos tempos, penso que a morte é encarada de uma forma medrosa, com uma certa relutância. A morte é tabu. As pessoas vivem a morte de alguém próximo de maneira trágica, tendo grande dificuldade em ultrapassar o sentimento de perda que nos traz a morte de uma pessoa que nos é querida.
O homem não se satisfaz com o não saber o porquê das “coisas”. Tenta sempre encontrar explicação para tudo. Aquilo que há de mais bonito e inexplicável é sempre descoberto, explicado.
Para mim, a beleza de tudo se perde quando se explica. A vida já me desiludiu em certa maneira, por isso é que a morte me atrai. A morte atrai-me pelo simples facto de não gostar de viver aquilo que os outros querem que viva, isto é, aquilo que a sociedade nos impõe. Logo, esta vontade de partir para outro lugar. Terei de continuarei a procurar a minha forma e o meu lugar. Isto tudo, naturalmente, como é óbvio.
A falta de liberdade que temos, mas que pensamos ter.
Temos todos que seguir um caminho. Quem se atreve a seguir atalhos ou outros caminhos não é nada, por isso se sai deste caminho da maneira mais simples e imprevisível, mas, ao mesmo tempo, óbvia.
Encarei-o como se se tratasse de uma lição de vida. Algo de reconfortante para tentar viver. No meu caso, não creio que seja a morte que nos dá aquela procurada razão de viver. Há sempre aqueles, como eu, que não vêem na morte a sua razão de viver. No entanto, não tenho nenhuma certeza. Não sei se inconscientemente o será, mas creio que não. Mas, à falta de melhor, a morte parece-me bem.
Penso que na morte não há vencidos nem vencedores, há unicamente uma vida que se extingue por uma razão qualquer que a própria razão desconhece mas que o homem não aceita. Um ciclo natural que termina e que dá origem ao começo de outros e mais ciclos.
Considero a morte a minha fuga a este mundo perdido. Contudo, tento aproveitar a vida ao máximo com todas as suas dificuldades, passando despercebido, no meu próprio mundo. Aquele que é só meu e que me é muito difícil de partilhar com alguém. Um mundo estranho, confesso.
A mim, o livro em si, com toda a sua simplicidade de palavras e ingenuidade de pensamentos, ajudou-me a pensar e a reforçar ideias e pensamentos meus.
No entanto, por mais voltas que dê à cabeça não consigo encontrar os porquês de viver aqui neste mundo para morrer. Não existirá uma passagem secreta?
Sue Townsend, O diário secreto de Adrian Mole aos 13 anos e 3/4, trad. de Miguel Carvalho de Moura, Difel, 1990
[por Diogo (9.º 1.ª)]
Descobri este livro pouco tempo antes de fazer 14 anos — precisamente quanto tinha 13 anos e ¾ — e, desde as primeiras páginas, fiquei preso às confidências daquele adolescente borbulhento, introvertido, incompreendido, apaixonado, fascinado com as alterações que observa no seu corpo, crítico, preocupado em ajudar a humanidade e em aprender coisas novas, viciado em chocolates Mars, que tenta encontrar algum humor as situações tristes da sua vida familiar e que quer ser poeta.
A acção passa-se em Inglaterra, nos anos 80, mas este será um livro intemporal. Embora não me identifique com muitas das situações vividas pelo Adrian, e como eu certamente muitos outros adolescentes, este livro fala da família, da amizade e do amor, das borbulhas e das “hormonas aos saltos” tão comuns nesta fase da vida, da escola e dos professores, temas que estão sempre actuais.
“Há uma miúda nova na nossa turma (…) Não me perguntem porquê. Sou capaz de me apaixonar por ela.” Quem não tem, num dado momento, uma Pandora na sua vida, com quem sonha e fantasia, com quem gostaria de partilhar segredos, interesses, amor, alegrias e preocupações, origem de felicidade e esperança, de tormentos e insegurança?
“Apareceu-me uma borbulha (…) está cada vez maior (…) Não posso acreditar que ainda fique maior!”Quem não entende o sofrimento de Adrian perante aquelas erupções que teimam em aparecer nos sítios mais absurdos, e nos momentos menos oportunos, e que nos fazem recorrer a todo o tipo de cremes, pomadas ou mezinhas, na esperança de que desapareçam rapidamente?
“O Nigel acaba de sair (…) tivemos uma grande conversa”. Quem não tem amigos com quem desabafa e partilha opiniões, a quem recorre quando tem problemas ou com quem comemora momentos felizes?
“Vão-se divorciar (...) O meu pai perguntou-me com quem é que eu preferia viver (…) Eu disse com os dois.”Quantos não passam pelo mesmo drama, desejando que o tempo volte para trás e traga os momentos felizes e despreocupados da infância? Um ambiente familiar que felizmente não tenho, mas que reconheço ser uma realidade mais frequente. Como tenho sorte!
“O diário secreto de Adrian Mole”. Ainda não leram? Leiam. Um livro que começamos a ler e não queremos parar de ler. É fascinante!
Richard Lourie, Uma Tulipa para Anne Frank, trad. Maria João Freire de Andrade, Lisboa, Quetzal, 2005
[por Carlota (9.º 5.ª)]


Joop é um homem na casa dos 60 anos, sem vida própria, que vive em Amsterdão, passando os dias numa esplanada a beber cerveja e a ver os ciclistas passar.
Numa tarde, Joop recorre a uma prostituta, Katja, com quem pretende sobretudo desabafar sobre o seu passado mais sombrio. É um segredo que transporta, que escondeu durante 60 anos, e que vai alterar para sempre o destino de todos o que o rodeiam. Durante todo o livro, Joop vai contando a sua infância passada numa Holanda mergulhada na Segunda Guerra Mundial, altura em que os tanques substituíram as bicicletas e as crianças se tornaram adultas antes do tempo. Conta, frustrado, como as pessoas morriam à fome sem que ninguém se preocupasse.
Durante a sua infância, Joop passou os dias a fazer pequenos trabalhos para ajudar à subsistência da família. O pai, bêbedo, raramente estava em casa durante a fase inicial da guerra, mas, posteriormente, quando a situação se agravou, fazia tudo o que podia para alimentar a sua família. Grande parte das suas refeições durante a parte mais complicada da guerra era à base de bolbos de tulipas.
A sua mãe deu à luz dois gémeos, que nasceram na pior altura possível, pois exigiam demasiada atenção e condições que não havia. Por outro lado, o seu pai ficou gravemente doente devido a problemas cardíacos relacionados com a bebida.
Restavam Joop e o seu tio para arranjarem dinheiro para comprar o básico para alimentar uma família inteira. Primeiro, começaram por tarefas básicas como fazer favores e entregar cartas, mas, depois, o dinheiro já não chegava.
E foi assim que decorreu a denúncia de Anne Frank. Era uma questão de sobrevivência, pois por cada denúncia recebia-se uma quantia que dava para manter uma família alimentada durante um mês.
Após o final desta história que conta a Katja, esta expõe o seu segredo a uns amigos e estes ameaçam-no de morte. Joop tem de destruir o esconderijo de Anne, caso contrário morre. Pura maldade.
Toma a sua decisão: prefere morrer a matar novamente sua querida Anne. E a isso se deve o título... «Uma Tulipa para Anne Frank».
É um livro extraordinário, que se debruça sobre as escolhas que fazemos em nome da sobrevivência e sobre o fardo que é termos que viver com essas escolhas para o resto das nossas vidas. Aconselho vivamente todos os jovens a que leiam este livro, cuja leitura, sinceramente, me fez crescer e perceber melhor como as pessoas viveram o flagelo da Segunda Guerra Mundial.
Judy Blume, O meu primeiro amor, Lisboa, Texto, 2005
[por Carolina M. (9.º 2)]
A sua capa, tão alusiva, de várias tonalidades, cores tão femininas. Penso que foi o que mais me cativou para o ler. E, por detrás disto, estava uma maravilhosa história para adolescentes, que relata a realidade.
Quem já viveu a vida, como os pais ou os avós, dirá que esta história fala de um pequeno romance de adolescentes. Quem ainda está a aprender a viver, como nós, adolescentes, limita-se a admirar a história. E, entretanto, por vezes, caem umas lágrimas, que o mancham ligeiramente. Como é difícil a vida de adolescente! As nossas escolhas, as nossas influências, as nossas mudanças de opinião…
O livro relata a história de dois adolescentes que se conhecem e se apaixonam, e decidem então ir mais além. O amor, um sentimento tão forte. Mas, como tudo na vida, esse amor não foi eterno, como ambos pensavam que iria ser. Aliás, os sentimentos não duram para sempre. E o que em tempos ambos sentiam, para Kath (protagonista), isso já não era real.
As pessoas, muitas vezes, ao longo da vida, magoam e são magoadas, e é mesmo assim. Os sentimentos, por vezes, são bastante traiçoeiros.
Este livro sensibilizou-me muito: enquanto não o li até ao fim, não descansei!

Alberto Vásquez-Figueroa, O rei amado, Miraflores, Difel, 2006[por João Guerra (9.º 1)]

Comecei a ler este livro na primeira semana das férias da Páscoa, embora já estivesse para o ler há bastante mais tempo. Foi-me aconselhado pela minha mãe, que é uma leitora assídua. É um livro sobre o rei D. Sebastião, que desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir. Este livro leva o leitor a “entrar” na história e a vivê-la intensamente. Não se consegue parar de ler, enquanto não se acaba. Confesso que perdi várias horas de descanso, pois não conseguia parar de ler.
O autor, Alberto Vázquez-Figueroa, conta uma história sobre D. Sebastião que não se sabe se é verídica. A história é narrada de forma estranha, pois há constantes mudanças de tempo (cada capítulo é numa data diferente do outro. Tanto avança no tempo como recua.)D. Sebastião é encontrado ferido por mouros que o levam ao seu chefe. Este “entrega-o” a outro homem que o esconde, com a finalidade de D. Sebastião ser um trunfo no futuro a favor dos mouros. D. Sebastião é considerado, pelos mouros, bastante ingénuo, pois foi desafiado pelo rei Filipe II de Espanha a ataca-los. O rei Filipe acabou por convencer o sobrinho a atacar, pois prometeu que o ajudava em caso de dificuldade. Porém, essa ajuda não chegou e Portugal perdeu a batalha. D. Sebastião sente-se culpado pela morte de vários portugueses. O rei Filipe II de Espanha faz acordos com nobres portugueses, para se apoderar da coroa portuguesa, o que acaba por conseguir em 1581.
Mário Dionísio, O Dia Cinzento e outros contos, Mem Martins, Europa-América, 1997[por Mariana (9.º 5)]
O segundo livro da colecção “Obras de Mário Dionísio” foi uma obra que me encantou. Fiquei a conhecê-la através do meu professor de Língua Portuguesa ao propor aos alunos que fizessem, como trabalho de casa, continuações de pequenos trechos, retirados do início de cada um dos catorze contos deste autor.
Além de me ter interessado pela escrita descritiva, mas ao mesmo tempo crítica pormenorizada à sociedade, também fiquei curiosa por comparar as “continuações” que escrevera com as verdadeiras.
Ao ler o livro, concluí igualmente que a escrita deste autor retrata essencialmente aspectos da sociedade dos anos 40, aludindo às diferenças sociais, aos modos de vida, de educação e, por vezes, à família.
São histórias de final aberto, o que permite aos leitores interpretarem o que lêem de diferentes modos: imaginar questões não descritas na história sobre as personagens, ou razões do seu comportamento face aos outros e à sociedade em geral, por exemplo.
Os títulos dos contos são: “Nevoeiro na cidade”, “Véspera”, “Assobiando à vontade”, “Os sapatos da irmã”, “Morena-Vulcão”, “O corte das raízes”, “A lata de conserva”, “A corrida”, “Os bonecreiros vão de terra em terra”, “Uma principiante”, “Sardinhas e vento”, “Uma tarde de Agosto”, “Horas suplementares” e “Entre cafés e pensamentos”.
Interessei-me particularmente por “Assobiando à vontade”, conto que fala da habitual e apressada rotina diária da cidade, num dia de trabalho. No meio de todo esse caos, há alguém que permanece “intacto”, não parecendo ser tocado pelo stress. Entra num eléctrico cheio, insistindo para que o deixem passar, e, vendo um lugar desocupado que ninguém quer, lá se senta, despertando toda a multidão que se encontra no transporte, por achar aquele homem um tanto estranho. Essas pessoas ficam então a observar o sujeito que acaba de se sentar, e este, sentindo-se já confortável no seu lugar, decide começar a assobiar, para grande espanto de todos. E, indiferente à reacção dos outros passageiros, o indivíduo cada vez se entusiasma mais, deixando todos perplexos perante tal situação, invulgar naqueles tempos. Desde a sua entrada até à sua saída do eléctrico, contam-se reacções, pensamentos e gestos das restantes personagens, dependentes da presença da personagem principal.
Neste texto aprendi que, muitas vezes, as pessoas só se preocupam com elas próprias e com o que lhes compete fazer no dia-a-dia e apenas isso, raramente ligando ao que realmente é importante. Como essas pessoas estão tão habituadas ao estilo de vida que levam, qualquer acontecimento estranho a que assistam, merece uma atitude intolerante, por vezes de desprezo ou mesmo de inveja. Qualquer um que não aja como uma maioria, é visto de forma crítica e pejorativa.
Esta é a mensagem que o conto me transmite. É também a minha opinião pessoal sobre a atitude de algumas pessoas para com outras.
Resta-me acrescentar que agora que descobri esta escrita, que tão bem me impressionou, não deixarei de procurar mais obras deste autor.
Terry Deary, Os miseráveis romanos, il. Martin Brown, trad. Maria Georgina Segurado, Mem Martins, Europa-América, 2000
[por Mário (9.º 6.ª)]
Já houve muitos livros que me marcaram, na minha maneira de pensar, no meu raciocínio lógico, nos meus conhecimentos, nos meus princípios e até no meu carácter.
Este livro em particular foi muito envolvente, não que fosse engraçado ou até muito interessante, mas pela maneira como me associei com ele. A personagem não era muito parecida comigo e, às vezes, o curso da história não estava de acordo com o que eu pensava, mas eu identificava-me ali. Talvez, e muito provavelmente, fosse por causa da faixa etária, que era a mesma, e todos os miúdos, tanto aqui como na china, passam por certas experiências e pensam de maneira semelhante.
Tal como eu, milhares de rapazes e raparigas se sentem assim, pois o livro, ou os livros são do Harry Potter, muito lidos e muito famosos.
Na quarta classe, já o meu colega intelectual e meu melhor amigo, o Tiago, o lia, costumava-me contar onde se encontrava em relação ao livro e a sua opinião pessoal. Eu pouco lia, e tudo o que sabia era o que ele me contava acerca do livro. Nas horas mortas da aula, quando acabava de fazer uma ficha ou assim, o Tiago punha-se a falar do livro ou fazia um desenho do Harry Potter.
Qual não é o meu espanto quando vi o livro com “Harry Potter e a Pedra Filosofal” escrito na lombada, numa prateleira do quarto da minha irmã que tinha 18 anos na altura, mais dez do que eu, que só tinha 8, porque, embora no quarto ano, só fazia anos em Novembro, e estava-mos no primeiro período. É claro que, com aquela idade, estava habituado só a ler livros cheios de diálogo e sem nomes ingleses como “Mr. Dursley” ou a rua de “Privet Drive”. Achei logo o livro muito maçador e não toquei mais nele, até que fiz os dez anos e voltei a reparar no livro da estante de que o Tiago falava tanto. Achei-o interessante e, quando dei por mim, vi-me com mais dois livros oferecidos no natal. Como o quarto livro ainda não tinha saído, esperei ansiosamente até ele ser anunciado na televisão, porque já na altura o livro era um sucesso para milhões de pessoas. Assim foi com o quinto e o sexto até. Comprei-o na versão inglesa, por não poder esperar, e até percebi tudo (se não fosse bom aluno a inglês, não me iria comprometer a não perceber certas coisas, que podiam ser cruciais para o desenvolvimento da história). Ainda espero pelo sétimo livro, que também vou ler em inglês. Fiquei a estimar a escritora J.K.Rowling por saber tanto sobre a adolescência e criar tão envolventes aventuras; também fiquei contente por saber que já viveu em Portugal. Atrevo-me a dizer que já me manipulou o estado de espírito, deixando-me carrancudo ou feliz.
E é por isso que gostei tanto destes livros.
Jodi Picoult, O Décimo Círculo, Porto, Civilização, 2006
[por Micaela (9.º 6.ª)]
Se há algum tempo atrás, tinha dificuldade em identificar-me como leitora aplicada, hoje penso que já me encontrei dentro de um género literário realista que narra histórias reais e, muitas vezes dramáticas. Na verdade, é no drama real que o ser humano se revela mais profundamente.
Foi no meu grupo de amigas, em conversa casual, que ouvi falar do livro ‘ O Décimo Círculo’ de Jodi Picoult.
Um dos aspectos que me interessaram na leitura que realizei foi o de conhecer a sociedade Americana e as relações de proximidade e de afastamento entre pais e filhos. Também me cativou a forte relação afectiva entre pai e filha; o combate constante de um pai, profissional liberal, criador de banda desenhada, para preservar e proteger a sua filha, que é o produto de um relacionamento pessoal complicado e ausente da parte da mãe. Esta, professora universitária, envolvida com o seu trabalho tem uma relação apaixonada e obsessiva com um aluno, o que leva a uma vida familiar de grande instabilidade com reflexos no comportamento da filha e do próprio marido. Outro lado cativante do livro concentra-se no relacionamento complicado da adolescente com o namorado, ela própria vítima de crueldade e de violência por parte dele, a forma como Trixie se procura refugiar nas drogas e no tabaco e, por vezes, reflectindo essa sua dor, cortando-se de uma forma fria e dolorosa, para atenuar o seu sofrimento de se sentir rejeitada. Através do olhar da adolescente, vemos que ela é protegida pelo pai, violentada pelo namorado, abandonada pela mãe. É a forma como a jovem de 14 anos se movimenta nestes ambientes que me atraiu para a leitura deste livro.
Na minha perspectiva, esta obra influenciou-me, principalmente, por me mostrar como a nossa vida pode mudar em função de uma pessoa, como Daniel vai até ao fim para proteger a sua filha de um rapaz que supostamente a amava e depois a droga e a viola; de como as pessoas nos podem mudar psicologicamente e magoar-nos também.
Gonzalo Giner, A Quarta Aliança, trad. de Mário Dias Correia, Lisboa, Ulisseia, 2006
[por António Pedro A. (9.º 3.ª)]
A Quarta Aliança, de Gonçalo Giner, é o primeiro volume da Colecção «Enigmas da História», distribuída pela revista Sábado. Esta colecção integra romances em que o leitor é transportado para enigmas surpreendentes, de cortar a respiração.
Este livro foi uma leitura muito recente, nas férias da Páscoa, que também me marcou muito, pois a acção passa-se em Espanha, país que visitei durante este período de descanso.
Em A Quarta Aliança, Fernando Luengo, um joalheiro madrileno, recebe um estranho pacote, que deveria ter sido rcebido pelo seu defunto pai no ano de 1933. O seu surpreendente conteúdo, uma bracelete, tem mais de 3300 anos.
Ajudado pela sua fiel e jovem colaboradora Mónica, Fernando decide investigar a origem da jóia. A sua investigação desenterra uma inquietante e enigmática intriga que leva as personagens a diversos cenários históricos: a terra prometida de Moisés, a conquista de Jerusalém durante a primeira Cruzada, os últimos dias da heresia cátara, as disputas dos templários em pleno século XIII, as lutas de poder entre o papa Inocêncio IV e os príncipes europeus, o reaparecimento de uma seita judaica séculos depois da sua extinção… Com a ajuda de Lúcia, uma perspicaz historiadora, Fernando descobre uma constante em todos os acontecimentos que aborda: a presença de objectos sagrados de extraordinária transcendência, que os protagonistas de todas as épocas ambicionam possuir para desencadearem ou para se oporem a uns obscuros planos apocalípticos. Um papiro resgatado das covas do Mar Morto proporciona-lhes à chave para averiguarem a verdade e trazerem à luz uma profecia cujas consequências se desconhecem.
As descrições das cidades e monumentos foram tão realistas que me despertarem o interesse por Espanha.
Acabei de lê-lo nos últimos dias das Férias da Páscoa, quase uma semana depois de ter vindo de Madrid, onde se desenrola a acção. No livro há, também, a referência a outra cidade espanhola — Segóvia. Por falta de tempo, não consegui visitar esta cidade onde fica a imponente igreja de Vera Cruz, outro ponto histórico do livro.
Foi através da leitura da dita revista, que tive conhecimento desta colecção, e depois de ter lido este volume fiquei com vontade de ler os seguintes.
Luis Sepúlveda, História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar, tradução de Maria da Graça Manta, Porto, Edições ASA, 1997
[por João C. (9.º 5.ª)]

Escolhi este livro por ser acessível para se ler em quinze dias mas também porque foi um livro de que sempre ouvi falar e que tinha na prateleira há alguns anos. Enfim, resolvi que já que tinha de ler um livro, ia ser este.
Na minha opinião é um livro de escrita simples mas, ao mesmo tempo, requintada. O livro está muito bem escrito, a ideia do livro é original mas também um pouco “fantástica”. Mas também qual é o conto que não tem um pouquinho que seja de fantasia?
A história começa com a viagem que as gaivotas argentadas fazem anualmente. Enquanto as gaivotas argentadas faziam uma pausa para comer, ao fim de seis horas de voo contínuo, dá-se uma emergência, é preciso descolar rapidamente. Parece que todas as gaivotas ouviram. Todas, excepto Kengah.
Percebemos, através do pensamento do gato Zorbas, a ida deste para aquela casa. Sabemos também que o garoto e o resto da sua família vão ficar fora cerca dum mês, portanto Zorbas terá a casa por sua conta.
A gaivota Kengah continuava à procura de peixe. E, quando meteu a cabeça ao de cima, reparou que tinha sido apanhada pela maldição dos mares, as marés negras. Mesmo assim, Kengah não desiste e consegue levantar voo, mas está muito fraca e vê que não consegue aguentar mais tempo. Então decide pôr o ovo na terra mais próxima. Enquanto isto, o gato Zorbas fazia uma sesta na varanda, apanhando sol ao mesmo tempo. Mas, de repente, enquanto se virava de barriga para cima, avistou lá ao longe um OVNI que vinha na sua direcção. Prontamente, pôs-se de pé como se de um cão de guarda se tratasse. Mas, à medida que o OVNI se aproximava, o gato Zorbas foi vendo melhor os contornos e percebeu que aquele OVNI não era nenhuma ameaça mas sim uma pobre gaivota coberta de petróleo nos seus últimos instantes de vida. O gato Zorbas recebeu-a com delicadeza mas Kengah só queria que este lhe prometesse três coisas. Que não comesse o ovo, que cuidasse do ovo que Kengah ía pôr com as suas últimas forças, e que prometesse que, quando a pequena gaivotinha nascesse, a ensinasse a voar. Com isto Zorbas prometeu e foi embora em busca de conselhos.
O gato Zorba vai à procura de conselhos para resolver o problema da gaivota. Ficamos a conhecer Colonello, um gato que tem um restaurante perto do porto, e de Secretário, o braço direito de Colonello, que insiste na maior parte das vezes em tirar os miados da boca de Colonello. Os três gatos decidem ir em busca de Sabetudo. Sabetudo, que vivia num bazar, fica deveras desapontado com a sua enciclopédia, visto não ter nenhuma solução para o problema do gato Zorbas. Mas depois descobrem que a solução é benzina, um produto que retira as nódoas de petróleo e assim puderam salvar a gaivota. Mas já iam tarde, porque quando os quatro gatos chegam à varanda do gato, a gaivota estava morta, embora tivesse tinha conseguido pôr o ovo. Zorbas começa a cumprir com o prometido, e entre as refeições e a vontade de ir ao caixote Zorbas ficava sentado em cima do ovo, para ver se a gaivotinha nascia. Todas as manhãs ia lá a casa o amigo da família dar de comer ao gato Zorbas e este tinha de esconder o ovo dentro de um vaso para que o humano não o descobrisse.
Duas semanas depois de Zorbas ter começado a cuidar do ovo, a pequena gaivotinha nasce. Zorbas para alimentar a pequena gaivota, começa a caçar insectos. Zorbas fica muito chocado quando a gaivotinha lhe chama Mamã. À noite desse mesmo dia os três amigos do gato Zorbas vão ter com ele para conhecer a gaivota e para lhe darem apoio para este conseguir ter sucesso na sua missão.
Depois de a gaivota nascer os problemas começam a surgir. Zorbas tem de esconder a gaivota do amigo da família que vai lá todas as manhãs e tem de protegê-la também dos gatos malvados que tentaram comê-la e das ratazanas. Com estas Zorbas faz um trato: eles não tocam na gaivota e estes têm livre acesso durante a noite, pelo pátio. Os quatro amigos decidem que têm de dar um nome à gaivota, mas depois a dúvida instala-se porque não sabem o sexo desta. Decidem ir falar com o Barlavento. Barlavento era um gato do mar, devia ser o gato mais viajado do porto de Hamburgo. Era um autêntico especialista em aves. Zorbas e a gaivotinha mudam-se para o bazar de Harry, local onde mora Sabetudo, por Zorbas e os amigos acharem ser o local mais seguro para a gaivota.
Barlavento diz que a gaivota é fêmea. Colonello propõe o nomo “Ditosa”. Todos aceitam, e os cinco gatos miam o ritual do baptismo dos gatos do porto.
Os tempos foram passando e Ditosa fora crescendo no bazar de Harry. À tarde fingia ser uma criatura embalsamada, mas de noite ia descobrir os segredos daquele bazar enorme. Ditosa julgava ser um gato, apesar de Zorbas e os restantes gatos lhe dizerem que o destino dela era ser uma gaivota e não um gato. Numa certa tarde, já depois de fecharem, o chimpazé Matias começou a importunar a jovem gaivota. Disse-lhe imensas coisas desagradáveis, como, por exemplo, que os gatos só a criavam para que, quando ela engordasse eles a comessem. Ditosa levou aquilo tudo muito a peito e, nesse dia, quando chegou a hora do jantar, ela nem lhe tocou. Zorbas sentiu-a distante e foi falar com ela. Ela contou-lhe tudo o que o chimpazé lhe dissera e Zorbas prometeu que a protegeria e que, com ele e com os outros gatos do porto, ela estava segura.
Pela primeira vez a gaivota tentou voar. Seguiu as intrucções de Sabetudo que estava a lê-las na sua enciclopédia, na letra «L», de Leonardo Da Vinci, que tinha inventado uma máquina de voar. Os restantes gatos estavam em cima de uma estante a observar. Verificaram as asas, as patas, e sim, estava pronta para voar. Saltou com as patas, ergueu as asas, levantou as penas da rabadilha. Encolheu as patas, bateu as asas e caiu. Tinha voado apenas uns palmos. Zorba prontamente a foi socorrer e disse-lhe que, à primeira vez, nunca se consegue nada.
Ao fim de quase duas dezenas de tentativas, continuava tudo na mesma, até que o gato Zorbas propôs quebrar o tabu, isto é, comunicar com um humano através da língua humana. Os restantes gatos reuniram-se e tomaram uma decisão. Concederam a Zorbas quebrar o tabu e assim poder falar com um humano para ajudar Ditosa a voar, mas só poderia falar com um humano.
A escolha do humano não foi fácil. Pensaram no René, o chefe de cozinha, mas que não passava disso. No Harry, o dono do bazar, mas que também não fazia a menor ideia de qualquer assunto relacionado com o voo. Até no Carlo, o chefe dos criados do restaurante, mas chegaram também à conclusão que percebia de muitos desportos, mas nada de voo. O capitão de Barlavento, até que este esclareceu que, quando se punha em cima duma cadeira, ficava com vertigens. Zorba deu a ideia do rapaz que era seu dono, mas estava de férias e um rapaz devia perceber pouco de voo. Até que Zorbas teve a ideia de ir falar com o dono da Bubulina, que, embora não soubesse voar, sabia fazer as palavras voar, visto que era poeta. Todos concordaram com a escolha de Zorbas.
Zorbas tentou entrar em casa do dono de Bubulina, mas, visto esta o ter barrado e lhe ter dito que o seu dono estava muito ocupado a escrever, Zorbas teve de usar uma das suas manhas para atrair o dono ao jardim e assim poder entrar dentro de casa, para falar com ele. Zorbas falou com o humano, apesar de ao princípio este ter estranhado e julgar que estava a sonhar, e os dois combinaram encontrarem-se à meia-noite daquele mesmo dia.
O humano tinha chegado ao bazar de Harry, mas o chimpazé barrou-lhe a entrada. Zorbas partiu um vidro do bazar e passou a gaivota para as mãos do humano. De seguida, este pegou em Zorbas e os três foram até à igreja de São Miguel. Subiram até ao telhado, a chuva batia forte. Ditosa estava medrosa mas Zorbas acalmou-a. A verdade é que Ditosa encheu-se de coragem e voou, voou e voou. Agradeceu a Zorbas e aos restantes gatos do porto. E partiu para longe com a esperança de um dia voltar.
Eu gostei deste livro, porque, apesar de ser um conto, conta muitos dos males que os humanos fazem aos animais (por exemplo, a poluição marítima, nomeadamente as marés negras; os testes científicos que fazem aos animais).
Maria Teresa Maia Gonzalez, A família de Nazaré, Miraflores, Difel, 2004
[por Francisco (9.º 5.ª)]
Durante estas férias uma das coisas que eu escolhi para fazer foi seleccionar um livro para ler.
O livro que li retrata a vida de uma adolescente. Nazaré, de quinze anos, andava agora no nono ano de escolaridade e é a mais velha entre as irmãs (apenas tinha um irmão mais velho). É uma rapariga simples, gosta de ler, é amiga dos outros e empenhada naquilo que fazia. Dentro deste maravilhoso retrato da adolescente, também está sempre presente a família, constituída por sete irmãos, entre os quais há uma pequena irmã de apenas seis anos, Nina, que sofre de trissomia vinte e um, os pais, os dois professores do secundário, e agora o avô, pois passou a viver com eles, desde que a avó morrera. Devido ao facto de o pai ser despedido do emprego, passavam agora por algumas dificuldades financeiras.
E é dentro desta ideia, graças ao carinho que a família sente entre si, à solidariedade que foram sabendo construir, que o carácter de Nazaré e dos irmãos floresce, preparando-os para a vida e para o amor pelos outros.
Não foi nenhuma razão em especial que me levou a ler este livro, simplesmente dirigi-me a uma livraria e pedi ajuda para escolher um livro.
Na livraria, perguntaram-me a minha idade, ao que eu respondi que tinha quinze anos. Com esta indicação, disseram que tinham exactamente o livro ideal para as minhas características. Foi nessa altura que me apresentaram “A família de Nazaré”, escrito por Maria Teresa Maia Gonzalez.
Recomendo a leitura deste livro a todos os jovens da minha idade, pois podemos identificar-nos com a personagem, com os seus problemas, com a sociedade que a rodeia. No fundo, vemos um pouco de nós neste livro, os problemas de Nazaré acabam por ser os nossos. Por exemplo, a dificuldade financeira da família, lembra-nos que hoje em dia à famílias que passam por uma situação idêntica, são despedidos dos seus empregos e, passado algum tempo, vêem-se com algumas dificuldades, já não podem comprar o casaco daquela marca, passar as férias fora do país, talvez se limitem a ir à praia.
Ricardo Pinto, A dança de pedra do camaleão, trad. Maria Georgina Segurado, Queluz de Baixo, Presença, 2003
[por Joana (9.º 2.ª)]
Posso dizer que esta foi uma obra que me marcou. Tem um enredo impressionante, personagens atraentes e foi escrita por Ricardo Pinto, um português radicado na Escócia. Acompanhem-me numa viagem a este mundo de fantasia, situado há milhares de anos no tempo, repleto de política e romances proibidos, que nos prende hipnoticamente à leitura, descrito com uma minúcia mágica.
O livro descreve a história de um jovem príncipe, Carnelian, que se vê arrancado da sociedade que sempre conhecera, onde senhor e escravo são iguais, para um mundo fortemente hierarquizado, governado por um Imperador-Deus, que pertence a uma sociedade cujos membros têm aparência divina, usando máscaras de ouro. Os seus rostos não podem ser vistos por seres ditos inferiores. O seu lar é a cidade de Osrakum. Nesta sociedade existem inúmeras classes sociais, denominadas Categorias da Visão. São elas: a dos Senhores dos Grandes e os Senhores Governantes dos Escolhidos menores; a dos restantes Escolhidos; a própria família de um Senhor ou as amonites dos Sábios (uma espécie de feiticeiras, que também usam máscaras); a família de outro Senhor; os marumaga (criaturas usadas como escravos); todas as outras criaturas.
Com o tempo, Carnelian transforma-se num Escolhido muito poderoso. Mas os seus inimigos vão cometer violências atrozes para acabar com a sua vida. Aos poucos, Carnelian começa a perceber os mistérios daquela cidade e do seu mundo, vive uma paixão proibida com o futuro Imperador e é confrontado com os seus maiores medos. Este livro faz-nos absorver todas as emoções, todas as acções, toda a viagem de Carnelian desde a sua infância até à sua maturidade e ao seu poder como Escolhido dos Grandes.
A principal característica que me atraiu foi a minúcia com que Ricardo Pinto descreve até o mais insignificante pormenor. Sentimo-nos envolvidos por aquele mundo desconhecido e não conseguimos parar de ler.
No início de cada capítulo, podemos encontrar versos encantadores, ou curiosidades sobre a sociedade de Osrakum, tudo repleto de pormenores. Em alguns, podemos encontrar vestígios de uma língua tão antiga como o tempo, falada pelas classes altas: o quya.
Apesar de ter ficado extremamente empolgada com este livro, que já não é assim tão recente, nunca tinha ouvido falar dele até a minha extremosa madrinha mo ter oferecido. Confesso que ao princípio não demonstrei muito interesse pela “parte política”. Mas, como tudo se aprofunda, com o tempo fiquei fascinada com a hierarquização daquela sociedade, com a rigidez dos rituais para quem não cumpre as Leis. Apesar de ser um conto, podemos encontrar muitas semelhanças com sociedades actuais.
Para mim, um bom livro tem de ser apelativo em todos os aspectos. Este surpreendeu-me pela positiva. Muitos vão achar exagerado, mas eu comparo Ricardo Pinto a escritores fabulosos como Tolkien ou Marion Zimmer Bradley.
Se são fãs de literatura fantástica, aconselho-os vivamente a ler esta obra.
Susan Shreve, Estou farta de ser boazinha, trad. Isabel Fraga, Lisboa, Presença, 2006
[por Eliana ( 9.º 1.ª)]
No ano passado, fui num fim de semana às compras com os meus pais. Passámos também pela Fnac, o que me alegrou por poder escolher um novo livro para ler. Depois de procurar na secção de Leitura Juvenil, acabei por encontrar um livro interessante. Tem o título: “Estou Farta de Ser Boazinha”.
A protagonista deste livro chama-se Amanda Bates. Sempre teve boas notas e era considerada uma filha e aluna que qualquer pai e professor desejariam ter. Amanda vivia com os pais, com o irmão Joshua e a irmã Georgie. A partir do Verão, Amanda começou a mudar e aborrecer-se com o seu aspecto, nomeadamente, com o seu cabelo e a roupa. Queria tornar-se uma Amanda mais moderna, sofisticada e, acima de tudo, muito mais rebelde. Na escola em que andava, todos tinham o seu grupo, Amanda não pertencia a nenhum. O seu grupo sonho era o Clube, liderado por Fern e mais um grupo de raparigas rebeldes e indisciplinadas. Empenhada em juntar-se a elas, Amanda mudou radicalmente o seu aspecto, o seu modo de ser e também as suas notas, que baixaram.
Tudo mudou quando Slade Springer, do nono ano, por quem todas as raparigas suspiravam, se interessou por Amanda. Slade vivia num lar para rapazes problemáticos, por culpa dos pais que tinham imensos problemas. Apesar das más notas e personalidade rebelde, Slade não era mau e ele e Amanda tornaram-se grandes amigos. A entrada no famoso Clube estava cada mais próxima para Amanda. Fern e as restantes raparigas aproximaram-se e convidaram-na para pertencer ao Clube, dando-lhe tempo para pensar no assunto. Fern e as amigas tinham uma data de maus hábitos: fumavam nos intervalos no pátio das traseiras da escola e, além disso, faltavam às aulas e também roubavam acessórios de maquilhagem e bijutaria, sem se preocuparam com o peso dos seus actos.
Amanda combinou ir tomar um pequeno-almoço com Slade. Falaram do Clube. Pelo que parecia, Siade também conhecia Fern e aconselhou Amanda a pensar bem na sua entrada no Clube, pois não a via a fazer o que Fern e as amigas faziam. Ela não tinha esse jeito de ser, por muito que quisesse.
Slade chegou a ir jantar à casa de Amanda e, apesar de tudo, os pais gostaram dele, ignorando o facto de ele viver num lar para rapazes problemáticos. Tornaram-se os melhores amigos do mundo. Fern pressionou Amanda a dizer se queria ou no entrar no Clube, pois, se não quisesse, teria mais uma amiga que poderia entrar em vez dela. Amanda pensou muito em relação a essa resposta. Aquele grupo no tinha nada a ver ela. Tal como Slade dizia, ela não era capaz de fazer o género de coisas que os membros do grupo faziam.
Amanda recusou o convite para entrar no Clube e resolveu voltar a ser de novo a velha e simples Amanda, deixando de lado a ideia de ser rebelde. Afastou-se de Fern e das outras raparigas, vivendo uma vida normal ao lado do seu melhor amigo, Slade.
Eu gostei deste livro, porque também na vida real muitos jovens tentam mudar e ser mais rebeldes, o que lhes causa problemas.
Philip Pullman, trilogia Mundos Paralelos, tradução de Maria do Rosário Monteiro, Queluz de Baixo, Editorial Presença, 2002
[por Bruno (9.º 5.ª)]

Li esta trilogia, quando, numa feira de livros, comprei O Telescópio de Âmbar sem qualquer indicação ou conhecimento de alguém sobre este. Quando percebi que era uma trilogia, e que o livro que tinha comprado era o último, decidi comprar os outros dois. Desde então, já tenho lido os três livros repetidas vezes, conseguindo cada vez mais ver os pormenores e perceber os conceitos científicos que acompanham toda a história.
Esta trilogia, escrita por Philip Pullman e publicada pela Editorial Presença, é uma das mais brilhantes e originais obras fantásticas que já li. Muito parecido com os livros da série Harry Potter, versando desde a magia ao mistério, leva-nos a viajar por vários mundos e a lugares assombrosos onde a fantasia perdura sempre. Mas o aspecto mais interessante da trilogia é a forma como a fisjca. e a teologia, são ao mesmo tempo relacionadas, desde os átomos mais pequenos até à forma como a Igreja lida com medo relativamente às novas descobertas, tal e qual como actualmente.
No primeiro livro, Os Reinos do Norte, é-nos dado a conhecer um mundo paralelo, muito parecido com o nosso, onde as pessoas têm génios (formas espirituais, que têm formas de animais, e que podem mudar de aparência até à adolescência. A partir daí, os génios assumem a forma animal que mais nos caracteriza). A protagonista é uma rapariga chamada Lira, na fase da adolescência, acolitada pelo seu génio, Pantalimon. Ambos se irão encontrar no meio de guerras entre a ciência e a religião. Farão viagens espectaculares e construirão valiosas alianças, enquanto caminham até um destino incerto.
Em A Torre dos Anjos é-nos dada a conhecer mais uma personagem principal: chama-se Will e pertence ao nosso mundo. Conhece Lira ao passar para outro mundo enquanto procurava o seu pai, que desaparecera havia dez anos. Juntos irão saber o seu destino e juntar-se-ão às forças de Lorde Asriel, que planeiam combater Deus, para poderem libertar todos do poder da Igreja.
No último livro, O Telescópio de Âmbar, ambas as forças colidem numa batalha que ditará o destino de todos e onde Lira e Will terão um importante papel no desfecho.
Esta obra está repleta de acção, fantasia, história e, até, um pouco de terror. Aconselho-a a todos os que gostaram de Harry Potter e de outros livros do género.
Noel Straetfeild, Sapatos de ballet, Lisboa, Alêtheia Editores, 2006
[por Tatá (9.º 2.ª)]
No Verão de 2006, comprei um livro, porque precisava de ler. Não queria um livro de setecentas páginas, mas também não me apetecia fazer nada. Por isso, pedi à minha mãe que me levasse a uma livraria para escolher alguns livros para as férias. Depois de muita indecisão e de ter seleccionado cinco livros, chamei-a para vir pagar.
Quando cheguei a casa e fui escolher qual deveria ler primeiro, os meus olhos “fugiram” na direcção de um livro cor-de-rosa, que tinha como título Sapatos de Ballet. Não sabia por que motivo tinha escolhido tal livro. Era um daqueles que não me diziam nada, não tinha sido recomendado por ninguém e também nunca tinha ouvido bem nem mal dele. Para dizer a verdade, acho que o que me levou a comprá-lo foi a cor. Bem, o livro era realmente interessante... Quer dizer, no início, não o achei muito apelativo, até o achei bastante “secante”. Era aquele tipo de livro que se lê só por se ler, em que apenas uma em cinco linhas é que tem algo interessante.
Quando comecei a perceber o livro, fiquei entusiasmada e queria saber o fim da história (efectivamente, eu já sabia o fim, pois, antes de começar a lê-lo, fui ver as últimas três páginas). Começando mesmo a história: o livro trata de um homem, Mathews, que coleccionava fósseis. Estava sempre a fazer expedições e nunca avisava quando regressava a casa, mas ficava muito aborrecido se ninguém o vinha receber e refilava sempre com a sobrinha, Garnie, e a ama dela, Nana.
Numa das suas expedições, o barco onde estava colidiu com um iceberg. Mathews encontrou um bebé à deriva num dos salva-vidas. Chamou-lhe Pauline.
Noutra expedição, adoptou outro bebé também, mas. desta feita, o pai da criança não tinha condições financeiras. Era russo e tinha fugido da revolução com a mulher, que falecera, deixando um bebé. Chamaram-lhe Petrova.
E, por último, o terceiro bebé era filho de uma bailarina ambulante que também não tinha condições para ela, quanto mais para a bebé. Chamava-se Posy. As três crianças ficaram aos cuidados de Garnie e Nana.
As três eram muito diferentes. Pauline gostava de representar e foi para Hollywood acompanhada por Garnie para poder participar num filme. Petrova gostava de carros, aviões e tudo o que fosse de rapaz e ficou com TAM (Tio-Avô-Mathews) para poder aprender a pilotar um avião. Posy adorava dançar e, quando conheceu o famoso professor de ballet, acabou por ir com ele e com a sua companhia de dança para a Checoslováquia.
E assim termina o livro, com as três irmãs a concretizarem os seus sonhos.
Souad, Queimada Viva, trad. Teresa Curvelo, Porto, Asa, 2004
[Joana D. (9.º 5.ª)]

É um livro escrito na primeira pessoa, por uma pessoa real, realmente massacrada, queimada viva. A acção decorre na Cisjordânia.
Na sua peculiar escrita, Souad trata o assunto da sua perturbante e igualmente curiosa biografia de juventude com enorme respeito e também algum receio. A sua história baseia-se no começo de uma bela e potente paixão, que até correria bem se Souad não tivesse ficado grávida do seu apaixonado, que é uma ofensa à família, pois quem engravidasse antes do casamento era prontamente condenada à morte. A sentença estava feita, e quem se iria encarregar de fazer o trabalho sujo era o seu cunhado, que lhe derramaria gasolina por todo o corpo e, seguidamente, incendiá-la-ia como a qualquer tronco de madeira. É uma atitude humana? Incrivelmente sobreviveu, apesar de não ter sido assistida convenientemente num hospital, pois os médicos recusavam-se a tratá-la (casos daqueles não são escassos). Posteriormente, houve repetidas tentativas de a assassinarem, mas a sorte foi um factor que nunca a deixou.
Não é apenas uma luta diária (a das mulheres orientais e ocidentais) pelos seus direitos, direitos humanos, pois nenhum ser, independentemente da sua capacidade mental ou fisiológica, deve ser discriminado. Com é óbvio, não serão uns livros escritos por mulheres experientes no campo da falta de humanização que mudarão o Mundo de um momento para o outro, isso é apenas o grão de arroz, mas deve-se (como em qualquer outro caso de descriminação ou falta de aceitação por parte das pessoas, como por exemplo no muito falado casamento entre homossexuais) ripostar contra os que se julgam aptos para excluir tais pessoas.
O que me interessou particularmente neste livro (pode parecer estultice, mas é verdade) foi a sua capa, que chama logo à atenção. Além disso, foi também o meu bom “olho” para esta matéria, digamos, que mo fez comprar. Admiro muito as raparigas que passaram por situações idênticas a esta mulher, Souad, além de que ainda têm que se esconder de familiares. Estes casos vieram a “atrair-me” a partir de uma certa idade em que questionava o porquê desta distinção entre homem e mulher, até que dei por mim a recuar mujtos anos na história mundial, e não é que seja especialista (que é o caso), mas notei que as mulheres em várias situações eram “excluídas” da sociedade (e isso ainda actualmente). Não alargando a matéria, questiono sobretudo a falta de direitos que uma pessoa tem, não vincando as ideias feministas. Será que tem de se ser “homem” para sobreviver neste Mundo?
Souad, Queimada Viva, trad. Teresa Curvelo, Porto, Asa, 2004
[por Sara (9.º 6.ª)]
Li-o quando ainda tinha 13 anos, senti que não era para a minha idade de todo, mas mesmo assim não resisti. Li o livro e fui tirando as minhas conclusões, muitas vezes erradas, pois não entendia o porquê da vida que essa rapariga levava. Todos os dias era maltratada, o amor foi escolhido pelos pais logo à nascença e se este surgisse antes do casamento era sinónimo de morte. E foi o que aconteceu, Souad apaixonou-se por outro homem, engravidou dele e ele prometeu-lhe que faria de tudo para ser o seu noivo. Perante isto Souad, com apenas dezassete anos não sabia o que fazer e todos os dias olhava pela janela, ansiando pela chegada do homem, ele nunca chegou. A família, envergonhada com o escândalo, decide regar a filha com gasolina e queimá-la.
Esta vida é levada por milhões de mulheres por todo o mundo, cada vez há mais casos de barbaridades destas e cada vez há mais mulheres a intimidarem os agressores. Ao inicio sofrem, mas com muita coragem e com a raiva ainda entalada dentro delas, explodem, muitas vezes escrevendo e mostrando ao mundo a vida nua e crua.
Com esta leitura fiquei a conhecer mais sobre as várias culturas. Quando se lê um livro deste tipo os sentimentos são incontroláveis, a certa altura aparece a rajva, o amor, o ódio é uma mistura dificil de definir. Mas é deste tipo de livros que eu gosto mais de ler, é como que uma viagem no tempo, voltamos atrás no tempo e vivemos a vida destas pessoas. Sim, é uma vida terrível que ninguém quer levar, porém há sempre uma certa curiosidade em saber o que elas sentiam enquanto eram agredidas, por exemplo. Até hoje foi o melhor livro que já li, trocou-me os sentidos, por vezes parecia que era eu que vivia a cena, mas ao “acordar” olhava para mim e sabia que não era eu, mas que podia ter sido. Sinto-me bastante sortuda ao ter nascido e crescido num país tão bom! Por vezes dou por mim a pensar: “E se fosse eu?”. Se fosse eu, não sei se teria tanta coragem para espalhar a minha experiência por todo o mundo, embora saiba que era mais um incentivo às mulheres que sofrem.
E impressionante a força com que estas pessoas encaram a vida, num segundo poderiam ter morrido e ainda por cima sabendo que foi a própria família que a tentou matar, é inacreditável. Num acontecimento destes as pessoas dão graças por terem sobrevivido e tomam mais gosto pela vida, pelos pequenos momentos, que ao fim ao cabo, são eles que constituem uma vida inteira, acho eu.
Lembro-me de que, enquanto lia o livro, esperava ansiosamente pelo momento em que ela contava que estava a ser regada por gasolina e a ser queimada. Mas, quando entrei nessa fase, só queria ler o mais rápido possível para passar tudo e ser assunto enterrado. Essa é a parte mais dificil do livro a meu ver, pelo menos, foi a parte que mais me marcou, pois ainda me lembro das palavras que lá estão escritas, dos sentimentos que foram surgindo, de tudo. Não sei se foi por tê-lo lido ainda nova, mas há partes do livro que ainda guardo na memória, tanto as boas como as más. No final do livro senti um grande alívio, pois parecia que já tinha despido o fato de Souad e voltara a ser a Sara. Voltara à vida normal, quando o acabei, pensei em tudo o que “vivi” e vi que nem todos vivem como eu, que nem todos têm a sorte de escolher o amor e que por vezes basta um sorriso para que essas pessoas fiquem contentes para o resto do dia. Enquanto que hoje em dia, um sorriso não nos vale nada, é simplesmente inútil!
Achei uma experiência inesquecível que vou, com certeza, voltar a repetir. Todos os dias olho para ele e tenho vontade de o ler e ao pegar nele, sei que lá dentro há uma força extrema à espera de ser outra vez alimentada por alguém.
É um apelo a todas as mulheres que sofrem silenciosamente.
Souad, Queimada Viva, trad. Teresa Curvelo, Porto, Asa, 2004
[por Ana M. (9.º 6.ª)]
Já todos ouvimos falar de direitos humanos, de discriminação, de machismo, da escravatura de que muitas mulheres e crianças são alvo nos países asiáticos. Eu estava inserida num grupo de pessoas que têm uma ideia errada desta realidade. Julgava que as mulheres tinham de lutar sozinhas, tinham de se impor às leis absurdas a que eram submetidas. Isso não é possível, infelizmente.
O livro foi lido por mim numa altura em que estava a “iniciarme” na área dos Direitos Humanos. Começava a conhecer a dura realidade que representava o mundo, mas ainda não a sabia completamente. Aliás, hoje mesmo consigo afirmar que praticamente nada sei do que se passa “lá fora”.
“Queimada Viva” mostra uma mentalidade completamente diferente da nossa, completamente diferente da que está, supostamente, correcta. O que poucas pessoas conseguem perceber é que, para os habitantes do Iraque, do Irão, da Jordânia, da Cisjordânia, do Cazaquistão e de muitos outros países asiáticos, as mulheres não são mais nada do que simples escravos dos homens. Quando eles querem, batem-lhes. Quando eles querem, elas têm de os servir. A toda a hora elas são vítimas de exploração e abusos. E o pior é que não se podem queixar a ninguém. Outras mulheres.., bem, elas já estão tão habituadas àquela rotina, que não imaginam sequer outra. Homens? Provavelmente seriam mortas! Não existe ninguém que as ajude a combater o que quer que seja, porque elas não conhecem a luta pelos seus ideais. Não faz parte da sua educação. Felizmente para a autora do livro, que passou por uma experiência pela qual milhares de pessoas não teriam capacidade de passar, a vida conseguiu vencer os homens da sua maldita terra. Ela conseguiu descrever-nos uma outra vida, um outro mundo. Um mundo no qual não existem direitos para as mulheres, apenas deveres.
Acho que cada habitante do planeta deveria ler este livro. E verdadeiro, é puro, é sentido. E escrito com todos os sentimentos; amor, ódio, tristeza, alegria, desilusão, satisfação. Esses sentimentos toda a gente os conhece. Logo, todos temos capacidades de perceber esta obra, este ser humano!
Se todos nós decidíssemos tomar um papel activo na luta contra as situações desumanas retratadas no livro, tenho a certeza de que elas iriam ser banidas para sempre da Humanidade. Foi isto que pensei ao ler o livro! Foi isto que senti, para além de desprezo e nojo pelos homens que fazem isto às mulheres. Mas, na verdade, eles não são os verdadeiros culpados. Apesar de serem eles que agem desta forma, eles só o fazem porque foram educados dessa maneira, sempre viveram num ambiente em que este tipo de situações sucedia repetida e continuamente. Nunca foram habituados a verem a mulher como um ser vivo igual a eles. Se nunca souberam que as mulheres têm sentimentos e não devem ser ouvidas... não lhes podemos apontar o dedo só a eles. Temos, sim, que os ajudar a ver que as mulheres são feitas da mesma matéria do que todos os outros homens.

Ana Sofia Ferrão, O m@il da Mafalda: Mafalda vai para Nova Iorque, Lisboa, Texto, 2004
[por Raquel (9.º 5)]
Este livro é sobre uma rapariga, a Mafalda, que foi para Nova lorque fazer o 12.º ano, longe do seu namorado, o Pedro, e dos seus amigos, entre os quais, a Tecas, a Isa e o Rui.
A Mafalda vai viver muitas aventuras, que muitas jovens ainda não tiveram oportunidade de viver (como eu, por exemplo...). É uma adolescente que vai mudar de vida dum dia para o outro, coisa de que eu não era capaz...
Neste livro, acompanhamos os relacionamentos de Mafalda com os seus amigos que estão cá em Portugal e só a conseguem contactar através de mail e por mensagens pelo telemóvel.
Acho que é um bom livro para adolescentes na ‘idade do armário’. A Mafalda começa a entrar numa fase complicada com o seu namorado, visto que estão muito longe um do outro, e ele começa a andar com uma amiga da Mafalda, sendo a Mafalda apanhada de surpresa nessa situação. Envolve muitas intrigas entre os três, que acabam por se resolver no final... Acho que o livro é bastante realista, porque nestas idades há sempre os problemas das trocas de namorados, as intrigas, etc. Depois há mais uns quantos acontecimentos neste livro que não vou contar, porque assim não teria piada para as pessoas que o queiram ler. Fico por aqui...
Foi dos livros de que mais gostei até agora, recomendo-o a toda gente...
Isabel Allende, A cidade dos deuses selvagens, Algés, Difel, 2005
[por Carolina (9.º 3.ª)]

Quando a minha amiga Marta me indicou este livro, pode-se dizer que não fiquei lá muito contente (só o tamanho do livro me assustava). Quando o fui comprar à FNAC, pensei logo que aquele não era o meu género de literatura e que só mesmo a Marta conseguiria ler aquele tipo de livros para «adultos», mas, pronto, sempre o li.
O livro tem como nome A cidade dos deuses selvagens; um nome um tanto ou quanto... misterioso, que desenvolve, logo de início, a suspeita de que o livro vai ser uma seca e que o tema principal é a religião. Nada disso. Ao lê-lo, percebi de que nada disso se tratava, que o livro era, na verdade, uma verdadeira aventura.
Esta história conta a vida dum rapaz, o jovem Alexander Cold, que, ao adoecer a sua mãe (que fica com um tumor), parte com a extravagante avó Kate, numa expedição da International Geographic à selva amazónica, em busca de um estranho animal que muito pouca gente viu e a que os indígenas chamam «besta». Outros membros da expedição, dirigida por um petulante antropólogo, são dois fotógrafos, uma bela médica, um guia brasileiro e a sua surpreendente filha Nadia, com quem Alexander trava uma amizade especial. Entre as missões da expedição está também a de vacinar os escorregadios índios, conhecidos como «o povo do nevoeiro».
A escritora Isabel Allende parece ter como objectivo alertar os seus leitores, como eu, para os terríveis problemas ecológicos e para o drama da extinção das tribos índias da região do Amazonas, como consequência directa da exploração desenfreada e irresponsável praticada pelos brancos.
Eu, que ao principio detestei a ideia de ler o livro, porque o julguei só pela capa, quando o acabei quase chorei por o ter acabado de ler, não fazendo outra coisa se não chagar a cabeça da minha mãe para me comprar o resto da trilogia As memórias da Águia e do Jaguar (animais totémicos da Nadia e do Alexander, respectivamente). Ah, sim, porque este livro faz parte desta trilogia excitante, de colar os olhos, não ao ecrã, mas sim às páginas que o constituem, da qual fazem parte, além de A cidade dos deuses selvagens, o livro O reino do Dragão de Ouro e O Bosque dos Pigmeus.
Gostei tanto deste livro que foi ele o primeiro de muitos «não infantis» que comecei a ler.
Para acabar este texto enorme que o meu dedicado professor de português nos mandou fazer, a mim e aos meus colegas, para tepecê, deixo-vos a referência bibliográfica do livro, que já devem conhecer: [ver em cima].
John Grogan, Marley & Eu, Laurie Abkemeier (org.), Casa das Letras, Cruz Quebrada, 2005
[por Susana (9.º 3.ª)]

Sem quaisquer duvidas o livro que me marcou mais foi Marley & Eu, pois sou completamente apaixonada por cães, principalmente labradores, como acontece neste livro.
Para mim, um cão não é uma bola, com cujos sentimentos possamos brincar. E muito mais do que ir buscar um cão ao canil, pois, enquanto ele é pequeno, todas as pessoas dele gostam. Quando o animal cresce e é atirado para uma varanda com dois metros por dois metros o dia todo, é porque dentro de casa já estraga tudo. Acaba por voltar ao canil, ou é mesmo abandonado.
É o livro perfeito, para quem gosta tanto de cãezinhos como eu, em que se faz uma amorosa abordagem, divertida e comovente, a um cãozinho.
Esta história marca-me muito, pois Marley é um labrador muito bonito, que foi encontrado por um casal de jovens, que estava a começar a sua vida, sem grandes preocupações. «Uma bola de pêlo amarelo em forma de cachorro», que rapidamente se transformou num enorme animal de quarenta e três quilos. Apesar de Marley ser muito traquinas, pois estava sempre a provocar estragos, apenas queria mostrar o seu coração puro e a sua lealdade incondicional. A família aprendeu que o amor pode ter várias maneiras e feitios para se manifestar.
E uma jornada humano-canina, que, por vezes, nos faz reflectir bastante, sobre as nossas atitudes, porque afinal os animais não têm culpa delas. A culpa é inteiramente dos seus donos, que por vezes, não dão o carinho e amor necessário que o bichinho quer receber. Mas por contrário, os animais dão sempre o seu carinho, por vezes de formas mais complicadas, mas mesmo assim, nunca são recompensados.
Enquanto lia esta obra, deixava-me perder nos horizontes deste encantador animal. Pensava que, se eu fosse aquele cãozinho, não gostaria que os meus donos não me dessem carinho, mesmo que eu os adorasse do fundo do coração. E, afinal, os animais também têm sentimentos? Será que eles pensam da mesma forma, mas como estão dependentes de alguém, não se podem revoltar? Não sei, mas também não posso perguntar a nenhum câozinho, porque a única coisa que ele faria era pedir festinhas e abanar a cauda.
Bem sei que nem todas as pessoas são iguais e existem mesmo muitas para quem o cãozinho significa muito e que lhe dão todo o amor necessário para ser muito feliz. Principalmente, os invisuais, a quem os bichinhos de quatro patas ajudam bastante: sem eles seria muito mais complicado a um invisual, sair há rua sozinho.
Deste livro, retiram-se muitas conclusôes, mas a mais importante é que o “Cão é, sem dúvida, o melhor amigo do homem”.
Paula Danziger e Ann M. Martin, Amigas para sempre!, trad. Maria Georgina Segurado, Queluz de Baixo, Presença, 2004
[por Soraia (9.º 5.ª)]
Andava eu no sétimo ano, numa nova escola em que qualquer tipo de pessoa me parecia assustadora, visto que pertencia à mais recente geração que entrara, e tentava construir uma relação com as pessoas que tinham ficado na minha turma, quando houve um pequeno problema com algumas dessas pessoas e fui apanhada numa situaçao deveras complicada.
Nessa altura, andava muito em baixo e triste... E os meus pais estavam a par desta confusão. Um dia, quando voltaram de um pequeno café que é habitual ser tomado depois do jantar, a minha mãe vira-se para mim e diz: “Comprei uma coisa, para ver se te alegras um bocadinho. E tira da mala um livro cujo título era ‘Amigas para sempre”.
Fiquei a olhar para o livro, a pensar se realmente valeria a pena ler aquele livro que falava de um assunto em que eu estava bastante mal e se ia mesmo ajudar-me tal como a minha mãe esperava. Decidi então ler e não me arrependo de tal coisa. Pego no livro e leio o resumo que está na contracapa. São duas amigas: a Tara, que adora ser o centro das atenções e não pensa antes de falar; e a Elizabeth, uma rapariga reservada que vive no seio de uma família que dá mais valor aos bens materiais do que propriamente aos sentimentos. Entre elas existe uma enorme cumplicidade, partilham tudo... Até ao dia em que Tara muda de cidade, o que representa uma enorme ameaça para a sua amizade com Elizabeth, meu Deus! Como iriam viver uma sem a outra? Tanto Tara como Elizabeth pensam, pensam, pensam... até chegarem à conclusão a que menos queriam ser obrigadas a chegar. A partir daquele momento, a sua amizade terá de ser vivida por... Cartas!
Decidem então adoptar essa única hipótese, partilhando, desabafando, contando tudo o que se passa nas suas vidas... Apesar das saudades, são forçadas a reconstruir a sua vida longe uma da outra.
Nada que não se resolva com tempo... Tal como aconteceu com a minha situação. Que também se resolveu com tempo, bastante tempo depois, visto que só foi resolvida depois de eu ter acabado de ler o livro. O que retirei desta experiência que me levou a crescer mais um bocadinho? Que tudo na vida tem de ser tratado com calma, calma e, sobretudo, tempo. Há que deixar o tempo tomar as suas próprias decisões, para depois nós podermos tomar as nossas.
Christopher Paolini, Eragon, Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2004
[por Pedro (9.º 1.ª)]

A minha jornada no mundo da leitura continua e vou aprendendo a gostar cada vez mais de ler. O último livro que li foi Eragon, de Christopher Paolini.
Já muito tempo tinha passado desde que eu lera o meu último livro, antes de Eragon, pois a preguiça era um pouco persistente. Contudo, a minha avó disse que eu tinha de ler algum livro para não perder o gosto pela leitura.
Foi então que a minha tia me aconselhou a ler Eragon, pois dizia que era um livro bom para a minha idade. Como, por acaso, vira o filme, quis lê-lo.
A cada página que virava, percebia que a aventura ia crescendo e que o livro era muito mais completo e interessante que o filme, por isso o interesse era enorme e queria ver onde iria dar tanta aventura e mistério. Em média, li cento e doze páginas por dia, pois li o livro que tinha quinhentas e sessenta páginas, em cinco dias. Achei o livro fantástico.
Este romance fala sobre um rapaz, aparentemente normal, chamado Eragon, que vivia numa vila muito pequena, Carvahall, com o seu irmão Roran e com o seu pai Garrow, que, na verdade, são seu primo e tio.
A aventura começa quando Eragon vai caçar além do Vale de Palancar, na Espinha. Eragon descobre uma pedra muito misteriosa, mas em sua casa acaba por perceber que se trata de um ovo de dragão, descobrindo que é um Cavaleiro de Dragões. Depois repara que é fêmea e decide chamá-la Saphira devido à sua cor azul-safira. O nascimento de Saphira desperta o interesse de sobrenaturais chamados Ra’zac, que matam o tio de Eragon. Procurando vingança, Eragon acaba por conhecer Brom, um contador de histórias, que Eragon mais tarde acaba por descobrir que foi um Cavaleiro de Dragões.
Os três vão atrás dos Ra’zac para os matar, mas, antes disso, vão deparar-se com muitos mais inimigos e mistérios. Eragon descobre que quem está por detrás disto tudo é o rei de toda a Alagaesia, Galbatorix, um antigo Cavaleiro de Dragões que, com mais doze Cavaleiros, forma os treze renegados, que assim pretendem acabar com todos os Cavaleiros. Eragon acaba por descobrir que tem poderes. No meio do percurso, Brom morre e Eragon e Saphira ficam sós na busca pelos Varden, um povo inimigo de Galbatorix. No final do livro, pensei como seria incrível viver esta aventura de Eragon.
Pensei em comprar a continuação da história, e comprei, pois Eragon é apenas um dos três livros que pertencem à colecção A Trilogia da Herança.
Gostei muito de ler Eragon pois acho que ganhei um novo gosto pela leitura, mas agora é acabar toda a trilogia para a aventura ficar completa.
John Steinbeck, A Pérola, Livros do Brasil, várias edições
[por Catarina (9.º 2.ª)]
Li este livro recentemente e fiquei muito entusiasmada logo de início.
O livro é pequeno mas conta uma história de forma espectacular. Aliás, como penso acontecer em todos os livros de Steinbeck. Nunca li nenhum mas já me tinham falado deles e fiquei muito curiosa de os ler.
É um livro magnífico que conta a história de um pobre pescador mexicano que encontra uma pérola. Uma pérola com uma beleza esplêndida e que Kino, o protagonista, designou ‘A Pérola do Mundo’ tão grande era a sua beleza e anormal a sua dimensão. Kino esperava que esta mudasse a vida e as expectativas da família para melhor. Anteriormente à descoberta da pérola, o seu filho Coyotito, fora picado por um lacrau (escorpião) e Kino, para curá-lo, iria ter de vender a magnífica pérola. Entretanto, Kino e a sua mulher, Joana, correm até à cidade para tentar vendê-la mas não o conseguem, pois os vendedores dão-lhe um valor muito mais baixo do que Kino esperava. Decide então ir até à capital. Mais tarde, Joana diz-lhe que a pérola traz azar à família e tenta deitá-la fora. Kino apercebe-se disso e vai atrás dela mas, no caminho, um vulto vai ao seu encontro e Kino, subitamente, mata-o com uma enorme e surpreendente violência. Com medo de serem apanhados e presos, Kino, Joana e Coyotito, fogem da cidade e, chegados às montanhas, durante a noite, os batedores que estavam atrás deles, encontram-nos. Durante uma violenta luta, Coyotito é atingido por uma bala na cabeça, acabando por morrer. Profundamente tristes e abalados por tudo o que sucedera, Kino e Joana regressam à cidade. Ele, a primeira coisa que faz é ver-se livre da pérola que tanto azar trouxera àquela família, devolvendo-a novamente ao mar.
John Steinbeck, frase deste livro, parece dissimular variados sentimentos, nem sempre bem explícitos, ou fáceis de entender, ao longo da leitura, envolvidos que ficamos com o enredo. Só depois de alguma reflexão sobre o livro se começa a perceber o que ele quer transmitir: a marcante diferenciação e segregação social do seu tempo, as injustiças, a violência, o estado de miséria a que muita gente estava condenada.
Steinbeck é, para mim, um escritor espectacular, com uma escrita inteligente e de grande qualidade, plena de mensagens profundas, de um sentimento de justiça social. Um escritor com que se pode aprender muito, lendo-o com prazer e tentando sentir o que nos quer transmitir. Steinbeck escreveu variadíssimas e relevantes obras, tais como As Vinhas da Ira, A Leste do Paraíso, Ratos e Homens, A um Deus Desconhecido. Nasceu nos Estados Unidos da América a 27 de Fevereiro de 1902 e morreu, também nos EUA, a 20 de Dezembro de 1968.
Ana Saldanha, Como outro qualquer, Editorial Caminho, Lisboa, 2001.[Cláudia (9.º 5.ª)]
Nunca mais me vou esquecer do porquê de ter lido este livro. A minha professora de Português do 6° ano, de vez em quando, mandava-nos ler livros para depois fazermos trabalhos sobre eles, mas eram sempre livros de cem ou cento e trinta páginas, nunca ultrapassavam as cento e cinquenta. Entretanto, chegou a Páscoa e a professora achou que tínhamos tempo para ler um livro de pelo menos duzentas páginas, eu fiquei boquiaberta, tinha na ideia que duzentas páginas eram um calhamaço. Pois fui a correr para a papelaria à procura de um livro que tivesse apenas duzentas e só duzentas páginas, a verdade é que não encontrei um com exactamente duzentas, mas com duzentas e três. Nem quis saber do título nem do autor.
Só em casa é que tive tempo e paciência para o folhear e apreciar. A capa é que chamava à atenção, não a sabia interpretar, era uma mão sobre um puxador e uma mochila encostada à parede. Mas, quando o comecei a ler, fui percebendo o seu significado.
No início de todos os capítulos a primeira página tinha sempre uma imagem e uma frase que especificavam muito bem o seu conteúdo. Era também um livro muito baseado no discurso directo, o que ajudava a perceber melhor o que se passava a cada instante sem se perder pitada. Acho que foram as características que fizeram com que eu ficasse a gostar tanto do livro.
Ao longo de todo o livro aparecia uma frase muito característica (“duas vezes para a direita e três vezes para a esquerda”) e que respondia ao significado do desenho da capa. A frase em si não tinha muito sentido e no próprio texto também não, mas é uma frase que provocava curiosidade e que quase parecia mágica, deixava a sensação de pulga atrás da orelha.
Pouco a pouco, comecei a encarar o livro como um desafio que me estava a deliciar, parecia que cada palavra que lia era mastigada e saboreada. No final de cada capítulo, que eram realmente grandes, só queria começar a ler o capítulo seguinte e saber como terminava a trama daquela vez. Era realmente algo que acabara de descobrir. Perguntava-me: “Como é que um simples livro me faz sentir esta ansiedade?”.
E o mais engraçado é que agora, passados três anos, não me consigo lembrar muito bem da história em si, quem eram exactamente as personagens, apenas me lembro de uns trechos da história, de umas expressões e de uma ou outra palavra mais marcante. Na memória, ficou apenas o entusiasmo que o livro me dava, do significado da capa, do título, do descrever de alguns pormenores e de o cuidado de deixar o leitor ansioso. Talvez porque eu à partida tivesse posto logo de parte o livro por ser extenso e o limite de páginas me ter obrigado a escolher um livro que eu não tinha em mente, bem, não sei bem o porquê, mas sei que essa situação ajudou a fazer com que eu o explorasse e o vivesse ainda mais.
Sylvia Plath, O Fato do Tanto-Faz-Como-Fazia, Lisboa, Relógio de Água, 1999; Carmen Posadas, Dorilda, Lisboa, Temas e Debates, 2000; Margarida Fonseca Santos, Há dias assim, Alpiarça, Garrido Editores, 2002
[por Rita (9.º 5.ª)]

A minha mãe está-me sempre a aborrecer para ler livros, mas, sinceramente, não tenho muita paciência e disposição, apesar de saber que ler faz bem, e mais uma enormidade de coisas. Ela compra-me imensas vezes livros, mas ultimamente não tem comprado muito. Eu até gostava dos livros que me trazia. Por exemplo, houve um de que gostei muito, até o li duas ou três vezes.., caso raro e nunca visto! Chama-se «O Fato do Tanto-Faz-Como-Fazia» da autoria de Sylvia Plath. O livro fala de um menino chamado Max que tinha seis innãos. Ele era muito feliz, mas queria muito ter um fato só para si. Houve um dia em que chega uma encomenda lá a casa, só que o nome do destinatário tinha sido apagado com a chuva, então, ninguém sabia para quem seria tal embalagem. Quando abriram, viram que era um fato amarelo-mostarda brilhante. O tamanho era perfeito para o pai, mas este não se estava a ver a ir para o banco com um fato amarelo-mostarda, então deu-o ao filho mais velho. Este não se estava a ver a fazer esqui de fato amarelo-mostarda, então resolveu dá-lo ao irmão seguinte. Até que o fato chegou ao Max, pois ninguém tinha querido o tal fato amarelo-mostarda. O Max ficou super contente e, a partir daí passou a usar o fato para tudo: para ir à escola, fazer esqui, pescar.
O livro era muito pequenino, mas gostei bastante de o ler. A maior parte dos livros que li foram sempre pequenos, a não ser «O Diário de Anne Frank», que era maiorzinho, mas nem cheguei a acabar, apesar de estar a gostar. Um dos outros exemplos de livros que gostei de ler foi «Dorilda», que é da autoria de Carmen Posadas. Conta a história de um rapaz, chamado Pancho, que certo dia descobre na cave de sua casa um baú com roupas antigas de que, dentro de uma nuvem de pó, sai, de repente, uma figura vestida à Idade Média. É a Dorilda, uma menina de chapéu em bico, sardenta e com a mania de que é princesa, do séc. XII que veio ao séc. XXI recuperar um objecto mágico há muito tempo perdido. O Pancho decide ajudar a procurar otal objecto mágico, mas ele nem sabe como vai parar a uma data de situações engraçadas e disparatadas... Foi um livro, para variar, pequenino, mas que também me marcou.
Outros livros de que também gostei muito, foram os de Margarida Fonseca Santos. Já li imensos livros dela. Ela, no terceiro e quarto ano, deu-me aulas chamadas CLIC, que eram aulas em que brincávamos com a língua portuguesa. Eu gostava imenso das aulas dela, eram super-divertidas, e depois também ilustrávamos as histórias que fazíamos (que era do que eu mais gostava!). Um dos livros dela de que gostei muito foi «Há dias assim...». Pequenino, lembro-me de o ter lido em duas tardes. Falava de uma história que se tinha passado com ela e as suas amigas. O livro é muito giro, tem imensas cores nas ilustrações, o que chama muito a atenção.
Maria Teresa Maia Gonzalez, Recados da mãe, Lisboa Editorial Verbo, 2006
[por Marta Prino (9.º 5.ª)]

Esta obra foi-me apresentada por uma colega que tinha em tempos lido o livro. O entusiasmo dela não era tanto quanto o meu agora, mas mesmo assim decidi lê-lo. Foi no fim das aulas e resolvi começar as minhas leituras de Verão com um romance juvenil.
O que mais me chamou a atenção, para além da capa e contracapa, foi também o facto de ter sido escrito pela autora de A Lua de Joana e O Guarda da Praia, Maria Teresa Maia Gonzalez, uma das minhas autoras favoritas.
Recados da mãe é um livro que nos mostra a cumplicidade entre duas irmãs e relata a sua extraordinária capacidade e a forma como, juntas, conseguem enfrentar uma das mais difíceis situações da vida de qualquer um, a perda da mãe.
Dada esta dificil situação, Clara, a filha mais velha, e Leonor (Nonô), a mais pequena, são obrigadas a habituar-se à ideia de irem viver com a avó materna pois o seu pai havia já construído uma segunda família e não se preocupara o suficiente com elas. A avó, uma senhora que nunca tinham conhecido, devido a uma zanga de há longos anos com a sua mãe, vivia numa quinta e era muito ligada à vida religiosa.
O que me fascinou realmente foi que, ao longo desta emocionante história, Clara, uma criança de apenas dez anos, conseguiu manter presente a memória da mãe no dia-a-dia da irmã, criando histórias em que sonhava com ela, contava depois à irmã que nesses sonhos mantinha longas conversas com a mãe. Assim, a filha mais nova, Leonor, ia perguntando constantemente à sua irmã o conteúdo das conversas que tinha com a mãe.
É uma narrativa que nos faz a nós todos pensar e reflectir um pouco acerca do apoio que damos aos que nos são mais próximos. Uma apaixonante e envolvente história, que nos comove pelos sentimentos, emoções, pela coragem e pelo exemplo da relação que unia estas duas jovens irmãs órfãs.
Posso recomendar este livro tanto a amigos como a amigas, embora talvez possa ser um pouco mais dirigido às raparigas a cujos sentimentos mais se associa.
Deixo aqui o meu breve testemunho da leitura de um bom livro como sugestão para valorizarmos o apoio daqueles que nos amam pelas nossas qualidades e apesar dos nossos defeitos ou dos erros que cometemos. Afinal, são eles que estão presentes quando mais precisamos.